É um diálogo da ideia de exploratório, estudo, pesquisa, busca do desconhecido e sua relação com a Biogeografia.
Detalhe da porta de entrada da Capela dos Ossos em Evorá
antes o preparo.....
Projeto Exploratorius se inicia com a leitura e pesquisa sobre os relatos e registros dos viajantes na região Amazônica e por outras regiões do território brasileiro, tendo a natureza brasileira registrada nestes escritos, desde o século XVI, como o foco de trabalho imagético.
Além das leituras, será adicionada neste Diário de Experimentos a pesquisa que será
desenvolvida em Portugal a partir de setembro /2022 até dezembro/2022.
Detalhes da obra Naturalis
10/09/2022
Prefácio
Exploratorius nasce dos escritos de Alexander Von Humboldt como um diálogo da ideia de exploratório,
estudo, pesquisa, busca do desconhecido e sua relação com o que Humboldt chama de Biogeografia.
Humboldt mirava uma visão unitária do mundo e seus fenômenos. Uma visão que abrange o espaço, o tempo, a cultura e a percepção humana. Neste prefácio, trabalho com imagens de arquivo e fotografias do meu acervo e fabulo a orientação dos navegantes, que se aventuravam na travessia do Atlântico para terras desconhecidas tendo como guia o
Cruzeiro do Sul.
Relatado no Canto V de Os Lusíadas:
“(...) o Cruzeiro do Sul nos céus desconhecidos do novo hemisfério…
Lá no novo Hemispério, nova estrela, não vista de outra gente, que, ignorante,
alguns tempos esteve incerta dela. Vimos a parte menos rutilante e, por falta de estrelas, menos bela. Do Polo fixo, onde inda se não sabe que outra terra comece ou mar acabe.
Ou ainda descrito por Alexander Von Humboldt:
"A satisfação que sentíamos, diz Humboldt, ao descobrir o Cruzeiro, sentiam-n'à
egualmente os homes da equipagem, que já tinham habitado nas colonias.
Na solidão dos mares sauda-se uma estrella, que se torna a vêr, como se fôra um amigo,
que nos trouxera separados uma ausência de longo tempo." (Elogio historico do Barão de Humboldt. Lido na sessão publica da Academia real das sciencias de Lisboa em 10 de março de 1863, pg160.)
a pesquisa.....
"Humboldt foi proibido pelas autoridades coloniais portuguesas de atravessar a bacia do Orenoco, pelo rio Cassiquiare, e adentrar-se na bacia do Amazonas, pelo rio Negro. Mas o peso do autor-viajante germânico foi decisivo, seja pela forte recepção de sua obra no imaginário e relatos de autores de nossos países vizinhos, seja pelas leituras diretas e indiretas certamente dele feitas no Brasil". (Hardman, Francisco Foot; A VINGANÇA DA HILEIA: EUCLIDES DA CUNHA, A AMAZÔNIA E A LITERATURA MODERNA)12/09/2022
(...)o navio cruza a linha do equador um apito de sirene anuncia o momento (...) (Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA p34)
(...) Constelações conhecidas desaparecem; desconhecidas surgem(...) (Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA p34)
13/09/2022
De madrugada, ainda em plena escuridão, vi, pela primeira vez, o cruzeiro do sul, e sou obrigada a concordar com a maioria do viajantes, que essa constelação não pode rivalizar com aquelas de nossos céus nórdicos. (Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA A bordo 6/11/1936 )
14/09/2022
O azul do mar passou a um verde desbotado. Então a água se tornou cada vez mais turva e finalmente um amarlo Argiloso. O navio entrou pelo Amazonas sem dar a impressão de navegação fluvial deslizava ao longo da margem esquerda que parecia uma costa marítima(...)" (Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA p34)
15/09/20022
Vi um peixe gigante, com uma cabeça em forma de trompa e um corpo talhado em forma de flecha ; espectro verde dentro da água uma consonância entre aparição e a imaginação.(Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA p35)
16/09/2022
(...) Os mitos nascem onde as mais elevadas e sublimes realidades se agregam à força da imaginação.
(Jüngler, Ernst. VIAGEM ATLÂNTICA p35)
17/09/2022
Fig. 18: História da Província de Santa Cruz, de Pero de Magalhães Gândavo (1576). Ipupiara ("demônio das águas"), lendário monstro dos litorais brasileiros. Este animal, provavelmente fictício, talvez seja uma versão fantasiosa e exagerada de algum animal marinho conhecido. (Ilustrações do Brasil Quinhentista Volume I, Mapas, Fauna e Flora - Caleidoscópio).
Em pleno século XIX, os naturalistas Johann Baptiste von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius registraram o Ipupiara com um sentido que, curiosamente, aproxima-se daquele apresentado por José de Anchieta, embora confundido-o com o Curupira: Além do Curupira, [...] crêem os indígenas que as águas dos grandes rios são povoadas por outros demônios, chamados Ipupiaras. Este termo, que significa “senhor das águas”, é o mesmo de que usam os índios habitantes do hinterland, para um monstro de pés virados para trás ou tendo uma terceira coxa a sair-lhe do peito, de quem a gente tanto mais se aproxima, quanto mais crê afastar-se dele, saciando o seu ódio de viajante solitário, a quem arrocha com os braços até sufocá-lo. Quando um índio adormece na canoa e desaparece na água, puxado por algum jacaré, dizem que isso é obra do malvado Ipupiara. (J. B. SPIX e C. F. P. MARTIUS, Viagem pelo Brasil, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1938, cap. I do livro IX: abud CAMENIETZKI, CARLOS ZILLER e ZERON, CARLOS ALBERTO DE MOURA RIBEIRO . QUEM CONTA UM CONTO AUMENTA UM PONTO: O MITO DO IPUPIARA, A NATUREZA AMERICANA E AS NARRATIVAS DA COLONIZAÇÃO DO BRASIL, pg.132.)
(capa de uma reliquia sentimental , muito cobiçada e proibida de ser foleada, que a mim foi dada após a passagem de meu avó materno, O Lusiadas de Luis de Camões publicado em formato paisagem, encadernação canoa, edição brinde Adriano Ramos Pinto, Porto MCMXII)
18/09/2022
Enquanto isso, os deuses fazem uma primeira reunião para decidir o destino dos navegantes.
Baco se opõe ao feito, que diminuirá sua glória como senhor do Oriente.
No entanto, Vênus, deusa do amor, e Marte, deus da guerra, colocam-se a favor dos portugueses.
Júpiter concorda com os dois.
Mercúrio, o mensageiro, é enviado para garantir que o povo selvagem de Melinde seja hospitaleiro com os portugueses.
O capitão do navio, Vasco da Gama, narra ao rei de Melinde a história de Portugal,
em que se inserem as figuras de grandes heróis da história portuguesa (...).O Lusiadas de Luis de Camões
19/09/2022
travessia
(...)Dês que passar a via mais que meia Que ao Antártico Pólo vai da Linha, Düa estatura quási giganteia Homens verá, da terra ali vizinha;
E mais avante o Estreito que se arreia Co nome dele agora, o qual caminha Pera outro mar e terra que fica onde Com suas frias asas o Austro a esconde.
«Até’aqui Portugueses concedido Vos é saberdes os futuros feitos Que, pelo mar que já deixais sabido, Virão fazer barões de fortes peitos.
Agora, pois que tendes aprendido Trabalhos que vos façam ser aceitos(...)canto x - O Lusiadas de Luis de Camões
20/09/2022
21/09/2022
22/09/2022
Essa obra reúne, pela primeira vez, os três textos do padre jesuíta português Fernão Cardim (1548?-1625) escritos entre 1583 e 1601 durante sua primeira estadia no Brasil: Do Clima e Terra do Brasil, Do Principio e Origem dos índios do Brasil e Narrativa epistolar de uma missão jesuítica. Sob o título Tratados da terra e gente do Brasil, o livro foi publicado em 1925 em comemoração ao tricentenário da morte de Cardim e oferece preciosas informações sobre a fauna e a flora das terras brasileiras, as atividades econômicas das capitanias compreendidas entre Pernambuco e São Vicente (depois São Paulo), os costumes e crenças dos povos indígenas e a ação das missões jesuíticas na colônia
(Texto elaborado por Fernanda Trindade Luciani) (Disponível em https://digital.bbm.usp.br/view/?45000009266&bbm/4788#page/6/mode/2up acessado em 22/09/2022)
Primeira edição, organizada e revisada pelo historiador brasileiro Adolfo de Varnhagen (1816-1878), da obra que reúne dois textos quinhentistas do português Gabriel Soares de Sousa que permaneceram inéditos, anônimos ou apócrifos por mais de dois séculos. Seus escritos estão divididos em Roteiro Geral com largas informações de toda a Costa do Brasil, que descreve a costa do Estado do Brasil desde o Maranhão até o Rio da Prata; e Memorial e Declaração das Grandezas da Bahia de Todos os Santos, mais longa, na qual o autor oferece um minucioso relato das plantas, animais, rios, relevo, povos nativos, povoações, vilas e engenhos da capitania da Bahia, especialmente do Recôncavo.
(Disponível em https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/4795 acessado em 22/09/2022)
23/09/2022
ROSA-DOS-VENTOS
(...)A rosa-dos-ventos apareceu nas cartas e mapas a partir do século XIV, quando fez a sua primeira aparição nas cartas portulanos. O termo “rosa” vem da aparência dos pontos cardeais da bússola que lembram as pétalas desta flor. Originalmente esta invenção era usada para indicar as direções dos ventos (o que era conhecido como rosa-dos-ventos) mas os 32 pontos da bússola se originaram das direções dos oito ventos principais, dos oito ventos secundários e dos dezesseis ventos complementares.(...)
(...)Não há um padrão único para a construção de uma rosa-dos-ventos, e cada escola de cartógrafos parece ter desenvolvido o seu próprio. Nas primeiras cartas o norte era marcado por uma ponta de seta , e o símbolo evoluiu para uma flor-de-lis na época de Colombo e foi vista primeiramente nos mapas portugueses.(...)
(...)Em que contraste com o fundo, os pontos representados dos ventos secundários são bastante coloridos em azul ou verde, enquanto os demais ventos menores são menores e geralmente pintados de vermelho.(...) (Disponível em http://geoden.uff.br/curiosidade-rosa-dos-ventos/ acessando em 23/09/2022)
Albernaz,João Teixeira, I, fl. 1602-1649 (detalhe fotografado) em material da Biblioteca Nacional de Portugal, 1642.F.1
Albernaz,João Teixeira, I, fl. 1602-1649 (detalhe fotografado) em material da Biblioteca Nacional de Portugal, 1642.F.2
Albernaz,João Teixeira, I, fl. 1602-1649 (detalhe fotografado) em material da Biblioteca Nacional de Portugal, 1642.F.3
Albernaz,João Teixeira, I, fl. 1602-1649 (detalhe fotografado) em material da Biblioteca Nacional de Portugal, 1642.F.4
24/09/2022
(...) Quando amanhece, as mais das vezes está o céu todo coberto de nuvens, e assim , na maioria das manhã, chove nessas partes e fica a terra toda coberta de névoa por causa dos muitos arvoredos que chamam a si todos esses humores.(...) (GÂNDAVO, PERO DE MAGALHÃES DE, A Primeira História do Brasil História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil Modernização do texto original de 1576 e notas: Sheila Moura Hue Ronaldo Menegaz Revisão das notas botânicas e zoológicas: Ângelo Augusto dos Santos Doutor em ecologia vegetal, Universidade de Languedoc Prefácio : Cleonice Berardinelli),pg.38
25/09/2022
(...)O ser ela tão salutífera e livre de enfermidades procede dos ventos que geralmente cursam nela, os quais vêm do nordeste e do sul e, algumas vezes, do leste e do lés-sueste. E como todos estes procedam da parte do mar, vêm tão puros e coados que não somente não danam, mas recreiam e acrescentam a vida do homem. A viração desses ventos entra mais ou menos ao meio-dia, dura até de madrugada, e então cessa por causa dos vapores da terra que o apagam. (GÂNDAVO, PERO DE MAGALHÃES DE, A Primeira História do Brasil História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil Modernização do texto original de 1576 e notas: Sheila Moura Hue Ronaldo Menegaz Revisão das notas botânicas e zoológicas: Ângelo Augusto dos Santos Doutor em ecologia vegetal, Universidade de Languedoc Prefácio : Cleonice Berardinelli),pg.38
26/09/2022
(...)estando já entre as ilhas(...), (...)nas quais iam fazer aguada, deu-lhes um temporal(...)
(...)que foi a causa de não as poderem alcançar e de se apartarem alguns navios da companhia. E depois de haver bonança, reunida outra vez a frota, empegaram-se ao mar(...). E havendo já um mês que iam naquela volta navegando com vento próspero, foram dar na costa desta província, ao longo da qual cortaram todo aquele dia, parecendo a todos que era alguma grande ilha que ali estava, sem haver piloto nem outra pessoa alguma que tivesse notícia dela, nem que presumisse que podia haver terra firme naquela parte ocidental.(...)(GÂNDAVO, PERO DE MAGALHÃES DE, A Primeira História do Brasil História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil Modernização do texto original de 1576 e notas: Sheila Moura Hue Ronaldo Menegaz Revisão das notas botânicas e zoológicas: Ângelo Augusto dos Santos Doutor em ecologia vegetal, Universidade de Languedoc Prefácio : Cleonice Berardinelli),pg33.
27/09/2022
(...)Velho do Restello
Eis a arenga do Velho contra as viagens marítimas:(...)
94
(...)Mas um velho, de aspecto venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C'um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:(...)
97
— "A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias? (Os Lusíadas, Canto IV, 94-97)
28/09/2022
mapa unido ao balcão de entrada do antiquário no Largo Calhariz 14, Lisboa.
29/09/2022
Detalhe de poster (Rosas dos ventos na Cartografia Portuguesa Antiga) e gravura( reprodução de detalhe desenho de A.Ramalho) adquiridos em antiquário no Largo Calhariz 14,Lisboa.
30/09/2022
Encerrando a Travessia e iniciando a Era de Peixes.